A impressionante história do tenor urussanguense Aldo Baldin (1945–1994), considerado um dos maiores nomes da música de concerto brasileira no exterior, chega às telas do cinema com o documentário “Aldo Baldin – Uma Vida pela Música”, dirigido por Yves Goulart. O longa estreia no circuito nacional no dia 31 de julho, após acumular 24 prêmios nacionais e internacionais, incluindo o Melhor Documentário no Berlin Motion Picture Awards e dupla premiação no Movie Awards Roma.
Nascido em Belvedere, Urussanga (SC), Baldin cresceu em meio às paisagens rurais do Sul do Brasil, longe dos holofotes. No entanto, sua voz lírica e técnica refinada o levaram aos mais prestigiados palcos da Europa, especialmente na Alemanha, onde fixou residência e se consagrou como intérprete de compositores como Mozart, Bach, Beethoven e Haydn. Seu talento o levou a gravar mais de 100 discos, atuar ao lado de lendas como Helmuth Rilling, Sir Neville Marriner, e vencer o Grammy em 1981, com a gravação da obra “A Criação”, de Haydn.

Apesar de sua relevância no cenário erudito internacional, Aldo Baldin é praticamente desconhecido no Brasil. O documentário de 103 minutos, com classificação indicativa de 10 anos, propõe corrigir essa lacuna, apresentando ao público brasileiro a vida e a obra de um artista que elevou o nome do país mundo afora.
Um reencontro com o legado de Baldin
A produção reúne depoimentos de importantes nomes da música erudita brasileira que conviveram com Baldin, como o maestro Isaac Karabtchevsky, a pianista Lilian Barretto, o compositor Edino Krieger, e os cantores Maria Lúcia Godoy e Fernando Portari. Os relatos ajudam a desenhar o perfil humano e artístico de Baldin, um profissional brilhante, generoso e profundamente ligado às suas origens.
Para o diretor Yves Goulart, também natural de Urussanga, o filme é uma missão pessoal. “Baldin representa o lado bom e criativo da alma brasileira. Espero que o público receba este trabalho com o respeito e admiração que ele merece”, afirma.

A ideia do documentário surgiu em 2009, em Nova York, quando Goulart viu a imagem da igreja matriz de Urussanga estampando um LP do tenor. A curiosidade levou o diretor a uma pesquisa meticulosa que durou 14 anos e culminou em uma obra que mistura investigação histórica, afeto e poesia cinematográfica.
Estreia com sessão especial em Florianópolis
Antes da estreia nacional, o documentário terá uma pré-estreia em Florianópolis no dia 29 de julho, às 19h, no Paradigma CineArte, com a presença do diretor. Após a exibição, haverá um debate com o público.
O filme é distribuído pela Bretz Filmes e é o terceiro longa-metragem da Goulart Filmes, produtora criada por Yves Goulart em 2003 e reconhecida por produções com forte identidade cultural e artesanal. Seus trabalhos anteriores, “Além da Luz” (2010) e “Francisco de Assis – Uma lição de vida” (2014), também foram premiados e abordaram o universo da deficiência visual.
Viúva celebra legado de Baldin

Irene Flesch Baldin, viúva do tenor e diretora musical do filme, ressalta que o documentário eterniza a paixão de Baldin pela arte. “Aldo tinha um talento divino. Sua inteligência musical era surpreendente. Ele dizia que só fazia carreira quem tinha uma chama muito grande e amava intensamente o que fazia, e ele amava cantar”, relembra.
Para ela, o lançamento do documentário em 2025, ano em que Aldo completaria 80 anos, é uma oportunidade única de apresentar ao público brasileiro um artista que se destacou no mundo e que, até hoje, inspira jovens artistas. “Ele também é parte do Brasil. Baldin é uma inspiração para quem deseja seguir uma carreira artística, seja qual for”, conclui.
Assista ao trailer Aldo Baldin – Uma Vida pela Música