A Polícia Civil, a Diocese de Criciúma e a defesa do sacerdote Padre Joel Sávio esclareceram nesta terça-feira (19), os desdobramentos do caso que envolveu perseguições, difamações e divulgação de conteúdos manipulados contra o religioso. A Operação Pax Mentis foi coordenada pelo delegado Márcio Neves, titular da 2ª DP de Criciúma
O Caso
O Padre foi vítima da divulgação de vídeos e prints de conversas adulterados, que rapidamente ganharam repercussão pública.
Durante o atendimento inicial, identificou-se que ele era alvo de stalking praticado por uma mulher, que, movida por condutas obsessivas, desencadeou uma sequência de ataques difamatórios, caluniosos e persecutórios contra o sacerdote e outros membros do clero.
Os levantamentos iniciais apontaram que os vazamentos partiram da região da AMUREL, onde a investigada reside, e que a mesma manteve os ataques até o dia 04 de agosto de 2025, chegando a enviar áudios e mensagens quase diariamente.
Diante da gravidade, a Polícia Judiciária representou por busca e apreensão, culminando na apreensão de três aparelhos celulares. Após confessar integralmente os fatos, a investigada foi formalmente indiciada.
Principais Fatos Confessados
• Divulgação de vídeos e prints manipulados;
• Alegações fantasiosas de encontros íntimos e práticas sexuais — desmentidas pela própria autora;
• Divulgação de que o sacerdote teria usado recursos da Igreja para fins pessoais — também desmentido;
• Uso de WhatsApp falso para se passar pelo Padre e enviar mensagens à sua família.
O motivo dos ataques foi reconhecido: “raiva” por frustração pessoal e rejeição, uma vez que o sacerdote sempre deixou claros os limites de sua vocação religiosa e do celibato clerical.
Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)
Prevalecendo o espírito conciliatório, no âmbito criminal, foi celebrado um Acordo de Não Persecução Penal
(ANPP), ainda não homologado judicialmente, com as seguintes condições:
• Confissão formal da investigada quanto à prática de perseguição, difamação, calúnia, injúria e divulgação de conteúdos falsos;
• Reparação do dano: pagamento de R$ 40.000,00 (já realizado) à Diocese de Criciúma, valor destinado integralmente a ações sociais;
• Obrigações: não manter contato com o sacerdote, não comparecer a missas ou eventos da Diocese, não mencionar seu nome, imagem ou voz, e não difamar ou divulgar informações a seu respeito;
• Cláusula penal: multa de 20 salários mínimos por ato de descumprimento;
• Suspensão do inquérito por 2 anos, com extinção da punibilidade apenas em caso de cumprimento integral das condições.
Composição Civil com a Diocese
Além do acordo criminal, foi firmado um acordo extrajudicial entre a investigada, a Diocese, o Bispo Dom Jacinto e sacerdotes, que prevê:
• Renúncia recíproca a indenizações por danos morais;
• Vigência mínima de 10 anos;
• Multa de 10 salários mínimos em caso de descumprimento.
Importância do Desfecho
• Reconhecimento e confissão integral da autora do fato;
• Reparação financeira revertida a projetos sociais da Diocese;
• Proteção assegurada ao sacerdote, à Diocese e à comunidade religiosa;
• Retratação pública que restabelece a verdade e a honra dos envolvidos;
• Prevalência do espírito conciliatório, que permitiu a pacificação social;
• Reafirmação da confiança da Igreja na Justiça e da condução transparente de todo o processo.
Fonte: PCSC