Formandos do curso de direito da UCEFF, em Chapecó, viram o sonho da formatura se transformar em um pesadelo.
Quinze alunos se dizem vítimas de um golpe financeiro e não puderam celebrar a tão aguardada festa de formatura. A responsável pela administração do dinheiro da turma, presidente da comissão de formatura, utilizou o valor arrecadado pelos colegas — cerca de R$ 72 mil —, em apostas online e perdeu tudo. A festa, marcada para 22 de fevereiro, não ocorreu. As informações são do Portal ND Mais.
Ao portal, a jovem confessou que usou o valor em plataformas de apostas online por não conseguir controlar o vício na palma da mão.
O orçamento da festa era de R$ 78.992. Os formandos deram um valor inicial à empresa de R$ 2 mil, o restante dos R$ 76 mil deveria ser dividido entre os 16 alunos – incluindo a suspeita de utilizar o valor.
A descoberta do golpe aconteceu no dia 27 de janeiro de 2025, quando os alunos receberam uma mensagem inesperada no grupo da formatura. No texto, a responsável pela comissão admitiu ter usado todo o dinheiro arrecadado em apostas online, incluindo o jogo do tigrinho.
Cada um dos formandos investiu quase R$ 5 mil ao longo desses três anos. O choque foi ainda maior porque, apenas cinco dias antes de revelar a verdade, a presidente da comissão publicava nas redes sociais que estava entregando os convites da formatura, dando a entender que tudo estava certo para acontecer.
Apesar da decepção, a turma segue buscando alternativas para realizar a formatura em maio deste ano. Diversas ações e eventos estão sendo organizados para arrecadar fundos e tornar o sonho possível novamente.
Em nota, a UCEFF esclareceu que não tem participação direta com as organizações de cerimônias festivas de formaturas, exceto, as cerimônias institucionais/gabinete. Declara, ainda, que em fevereiro do corrente ano soube do fato pelos próprios estudantes, momento em que prontamente ofereceu assessoramento jurídico e administrativo.
R$ 138 mil: além da formatura, estudante diz que perdeu salário para apostas online
Em entrevista ao ND Mais, a ex-presidente da comissão de formatura, que preferiu não se identificar, admitiu ter usado indevidamente o dinheiro dos colegas. Ela afirmou estar ciente dos erros cometidos e garantiu que pretende prestar contas à Justiça assim que for chamada para depor.
A estudante revelou que perdeu todo o valor arrecadado para a formatura, cerca de R$ 72 mil, em apostas online.
“Cheguei ao fundo do poço e só percebi quando não havia mais saída. Quem se envolve nesse vício geralmente só entende a gravidade quando já perdeu tudo”, confessou.
Casada e mãe de uma filha pequena, ela afirmou que sua família desconhecia a situação e que só revelou a verdade quando percebeu que não conseguiria mais recuperar o dinheiro. Além da quantia da formatura, ela disse ter perdido todas as economias da família e seu salário mensal.
Desde que começou a apostar, em 2022, chegou a ganhar quase R$ 29 mil em uma única das apostas online, mas acabou perdendo tudo ao continuar jogando.
“Meu marido ficou desesperado. Ele nunca aprovou esses jogos, e eu apostava de madrugada, enquanto ele dormia, para que não percebesse. Quando descobriu, ele simplesmente não conseguia acreditar”, detalhou.
A ex-presidente da comissão relatou que, movida pelo desespero, tentou recuperar o dinheiro através das próprias apostas online. “Me deixei levar por esse vício que destruiu minha vida. Nada justifica o que fiz, e estou pronta para arcar com as consequências”, declarou.
Segundo ela, ainda não foi chamada para depor, mas afirma não estar fugindo da Justiça. “Mantenho o mesmo número de telefone para ser localizada e prestar esclarecimentos”, garantiu.
Ela reconhece o impacto de suas ações e expressou o desejo de restituir o dinheiro aos colegas, mas admite não ter condições financeiras para isso no momento.
“Eu sei que causei frustração e decepção a todos. Eles podem não acreditar, mas realmente perdi todo o dinheiro nas apostas online. Ao todo, foram mais de R$ 138 mil – entre o valor da formatura, economias e valores que ganhava no próprio jogo -, além da destruição da minha vida e da minha família”, lamentou.
Polícia Civil abre investigação
Revoltados, os formandos registraram um boletim de ocorrência na Polícia Civil, que instaurou um inquérito, por meio da 1ª DPCo (Delegacia de Polícia da Comarca) de Chapecó, para investigar o caso.
O delegado regional de Polícia Civil, Rodrigo Moura, informou que estão sendo reunidos os elementos de prova relacionados ao caso e que serão ouvidas todas as vítimas, testemunhas e a própria suspeita nos próximos dias.
“O delegado de polícia responsável pela investigação já encaminhou representação ao Poder Judiciário com o intuito de rastrear e, se possível, recuperar o valor supostamente desviado”, apontou Moura.
A investigação deve ser concluída em algumas semanas e, ao final, vai definir se o caso de trata de crime de apropriação indébita ou de estelionato.
Fonte: ND Mais