Você já se perguntou como a sua casa impacta diretamente a sua saúde? Em um mundo acelerado, onde muitas vezes o bem-estar é associado a práticas externas como academia, alimentação ou meditação, esquecemos de olhar para onde tudo começa: o lugar onde vivemos.
O dado é impactante: passamos cerca de 90% do nosso tempo em ambientes construídos – entre casa, escritório, transporte, lojas, escolas. É o que aponta a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). Isso significa que a qualidade desses espaços tem um peso enorme na nossa saúde física e emocional.
E o melhor: você não precisa de uma reforma completa para começar a transformar sua casa em um espaço mais saudável. Pequenas mudanças, se pensadas com propósito, fazem toda a diferença.
Luz natural: uma aliada do corpo e da mente

A presença (ou ausência) de luz natural influencia diretamente o nosso ritmo biológico, conhecido como ritmo circadiano. De acordo com estudos publicados no Journal of Clinical Sleep Medicine, a exposição à luz natural durante o dia regula a produção de melatonina, o hormônio do sono, melhorando nosso descanso noturno e até mesmo nosso humor.
Ambientes com pouca ou nenhuma luz natural podem gerar fadiga, mau humor, dificuldade de concentração e até quadros depressivos. Por isso, posicionar áreas de permanência próximas a janelas, evitar o uso excessivo de cortinas opacas e adotar cores claras que refletem a luz são medidas simples com impacto direto no bem-estar.
Ergonomia também é saúde

Com o crescimento do home office, um dos erros mais comuns é adaptar o trabalho a qualquer cantinho da casa, sem pensar na postura e nos movimentos. Estudos da Universidade de Cornell mostram que o uso prolongado de móveis não ergonômicos pode causar dores crônicas na coluna, fadiga ocular e tensão muscular.
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Aqui, sugerimos pequenos ajustes com grandes efeitos:
• Altura correta da cadeira e da mesa.
• Apoio para os pés.
• Boa iluminação sobre a área de trabalho.
• Apoio para os punhos no teclado.
Essas mudanças ajudam a evitar lesões, melhoram a produtividade e trazem mais conforto ao dia a dia.
O ar que respiramos dentro de casa

Outro ponto essencial, e muitas vezes negligenciado, é a qualidade do ar interior. Plantas naturais (como jiboias, palmeiras e lírios-da-paz), materiais que não liberam compostos tóxicos (como MDF com baixa emissão de formaldeído) e uma boa ventilação cruzada contribuem para ambientes mais oxigenados e livres de poluentes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a poluição do ar dentro de ambientes fechados pode causar problemas respiratórios, alergias e até influenciar no sistema cardiovascular. Portanto, cuidar do ar é também cuidar da vida.
Design é cuidado

Acreditamos profundamente que design não é apenas estética. Ele é cuidado, funcionalidade e saúde. Um bom projeto, mesmo em escala pequena, deve considerar fluxo, organização, sensorialidade e bem-estar. Às vezes, trocar a posição dos móveis, inserir um tapete que delimita a área de estar ou utilizar aromas naturais já cria uma nova relação com o espaço.
Como arquitetas, nosso olhar vai além da forma: buscamos entender como as pessoas se sentem e se relacionam com os ambientes onde vivem. E é essa escuta que orienta cada decisão de projeto – sempre com empatia, funcionalidade e beleza.
Conclusão: repense sua casa
Em vez de esperar pela “grande reforma”, que tal começar com pequenos gestos de cuidado? Abrir as janelas, realocar móveis, trazer mais verde para dentro e prestar atenção à luz são atitudes simples que, somadas, transformam.
Sua casa deve ser um refúgio – um lugar onde o corpo e a mente encontram equilíbrio. E para isso, o design bem pensado, aliado à ciência do bem-estar, pode (e deve) ser o seu maior aliado.
Por Leka Costa e Maria Eduarda Meneguel – Arquitetas e sócias no escritório Atna Arquitetura