Neste 17 de julho, a comunidade católica de Urussanga celebra os 123 anos da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, um dos maiores marcos da fé, da identidade e da cultura da cidade. Fundada oficialmente em 1902, a paróquia é a segunda mais antiga do Sul de Santa Catarina, a primeira da Diocese de Criciúma e segue sendo um ponto de referência espiritual e arquitetônico para a região.
A origem da devoção remonta à chegada dos imigrantes italianos, vindos da província de Belluno, no Vêneto, que fundaram Urussanga em 1878 e logo ergueram a primeira capela. O reconhecimento oficial da paróquia ocorreu em 17 de julho de 1902, por decreto de Dom José de Camargo Barros, então bispo da Diocese de Curitiba.
Arquitetura neoclássica e acervo histórico

A atual Igreja Matriz, construída em duas etapas, campanário em 1923 e corpo da igreja em 1945, foi projetada em Turim, na Itália, com cimento importado da Alemanha. A beleza do seu estilo neoclássico e o valor histórico fizeram com que o templo fosse tombado como patrimônio estadual em 2001 pela Fundação Catarinense de Cultura.
O interior da igreja abriga obras de arte e peças sacras de grande valor: o teto pintado por Pedro Cechet, a pia batismal esculpida em granito por Pedro Bez (1909), a Via Sacra vinda da Alemanha, além de uma rara réplica oficial da escultura “La Pietà”, presente do Papa Paulo VI em 1978. Os sinos e o relógio do campanário, vindos do Piemonte, também ajudam a compor esse rico acervo de fé e memória.
Comunidade viva e missionária

Com cerca de 30 comunidades, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição é hoje uma das mais ativas da Diocese de Criciúma, com celebrações frequentes, ações pastorais e obras sociais. Entre as iniciativas mantidas estão o Paraíso da Criança e a Cáritas Paroquial. Pastorais como a Catequese, a Legião de Maria e a Pastoral da Criança seguem mobilizando gerações.
O pároco, Padre Giliard Cesconetto Gava, destaca a importância da data. “Celebrar os 123 anos é reconhecer uma história construída com fé e dedicação. Nossa paróquia é dinâmica, com o maior número de capelas da Diocese, e uma intensa agenda pastoral. Só nesta semana, por exemplo, realizamos mais de 30 missas nas comunidades”, relatou o sacerdote.
Herança que se renova

Padre Giliard reforça ainda o papel da igreja como agente de evangelização e de preservação da cultura local. “A Igreja não só preserva a cultura como também a produz. É uma cultura do bem, da paz. A fé é transmitida de geração em geração, e é nossa responsabilidade manter esse legado vivo”.
Além da Matriz, a paróquia abriga também a Igreja de Pedra do Rio Maior, tombada como patrimônio nacional. Segundo o pároco, já estão em andamento tratativas para iniciar o restauro da Matriz, que não passa por uma grande reforma desde a década de 1980.
“A gente já vê a questão das portas, da questão das pinturas, dos afrescos, das infiltrações. Uma Igreja, por ser histórica, precisa de carinho e a gente sabe que todo esse trabalho, junto com os órgãos públicos, demanda tempo, disposição. Então, eu digo isso, olhar na preservação, mas também na promoção da cultura, cultivar e fazer com que todos os nossos habitantes de Urussanga tenham a cultura da paz, da felicidade, a cultura da irmandade e da fraternidade, tão pedida nesses dias”, enfatizou Padre Giliard.
Celebração especial e novo padre para a Diocese
Neste ano, o aniversário da paróquia coincide com um momento especial: a ordenação presbiteral de Guilherme Menegasso Barbosa, filho da comunidade. A celebração acontece no sábado, dia 20, às 15h, na Matriz, com a presença do bispo Dom Jacinto, padres da diocese e fiéis da cidade e da região.
Padre Giliard finaliza com uma mensagem de fé e gratidão. “Se os nossos antepassados, com tantas dificuldades, conseguiram erguer esse monumento de fé, nós também, as novas gerações, somos chamados ao menos a preservar esse legado. Mais do que uma construção, a Igreja é um reflexo do templo espiritual que cada um de nós deve ser.”
Aos 123 anos, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição segue sendo um marco da espiritualidade, da cultura e da união comunitária em Urussanga, um verdadeiro templo de pedras vivas.



