Por Leka e Maria Eduarda – Arquitetas da Atna Arquitetura
Projetar para o espectro autista é um exercício de empatia profunda. É olhar para o espaço não apenas com os olhos técnicos da arquitetura, mas com o coração atento às formas como cada pessoa sente, percebe e interage com o mundo.
“A arquitetura tem o poder de suavizar o mundo lá fora — e, muitas vezes, também o de dentro”, destaca Leka, arquiteta da Atna Arquitetura
Muitas pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam sensibilidades específicas a estímulos do ambiente. Isso pode transformar detalhes simples do cotidiano — como uma luz forte ou um som repetitivo — em verdadeiros gatilhos de estresse. É por isso que adaptar os espaços vai muito além da estética: trata-se de criar refúgios seguros, confortáveis e funcionais.
Ambientes que respeitam os sentidos
A luz, as cores e os sons são os principais elementos a serem pensados em um projeto adaptado. Aqui na Atna Arquitetura, costumamos priorizar:
- Iluminação suave e ajustável, com preferência por luz natural e dimerização;
- Cores neutras e harmoniosas, que acalmam e reduzem a sobrecarga visual;
- Isolamento acústico, para minimizar barulhos inesperados e eco;
- Materiais com texturas agradáveis, tanto nos pisos quanto nos móveis.
“É preciso pensar com o corpo e os sentidos de quem vai habitar aquele espaço. Esse é o nosso ponto de partida”, enfatiza Maria Eduarda, arquiteta da Atna Arquitetura

Organização que traz segurança
Espaços organizados e com funções claras ajudam a reduzir a ansiedade, principalmente em crianças e adolescentes com TEA. Em nossos projetos, buscamos criar ambientes com zonas bem definidas: descanso, brincadeira, estudo. Também utilizamos recursos visuais simples, como cores e mobiliário estratégico, para facilitar a rotina.

Refúgios e autonomia
Ter um cantinho para se recolher é essencial. Seja em casa ou na escola, um espaço menor, silencioso e com pouca luz pode ser um verdadeiro alívio em momentos de sobrecarga sensorial.
Além disso, a autonomia deve ser estimulada: nichos acessíveis, alturas adaptadas, portas fáceis de manusear e sinalizações claras são recursos que favorecem o desenvolvimento da independência.

Mais do que adaptar, é acolher
Acreditamos que o projeto ideal é aquele que respeita, escuta e se molda às necessidades de quem vai viver ali. E quando se trata de pessoas com TEA, isso ganha ainda mais sentido.
“Não queremos que o ambiente ‘ensine’ a criança a se adaptar. Queremos que o ambiente abrace quem ela é”, explica Leka.

Na Atna Arquitetura, cada projeto é uma oportunidade de criar espaços que façam sentido — e que toquem as pessoas. Para nós, projetar para o autismo é um ato de amor traduzido em formas, luzes e texturas.