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Queda no preço do arroz pressiona produtores que lançam campanha “Arroz Combina”

Valor da saca já chega a R$ 58, abaixo do custo de produção, e setor teme queda na qualidade do grão e retração da próxima safra

Foto: Shaiane Corrêa
Foto: Shaiane Corrêa

O preço da saca de arroz segue em forte queda no Brasil e já preocupa seriamente a cadeia produtiva catarinense. Neste mês, a saca de 50 quilos, que começou cotada a R$ 65, caiu para até R$ 58 em algumas indústrias do Estado, valor que não era registrado desde a pandemia de Covid-19. O montante está muito abaixo do custo de produção, o que gera incertezas sobre a próxima safra e ameaça a sustentabilidade do setor.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina (SindArroz-SC), Walmir Rampinelli, e o presidente da Cooperja e da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), Vanir Zanatta, os custos fixos de cultivo, colheita e beneficiamento permanecem altos, enquanto insumos e embalagens encarecem. “Esse desequilíbrio compromete toda a cadeia produtiva. Se a crise persistir, os impactos serão ainda mais complexos, ameaçando a continuidade das atividades e a geração de empregos”, alertou Rampinelli.

O excesso de oferta no mercado internacional, especialmente nos países do Mercosul, aliado à isenção de imposto de importação do arroz no Brasil, ampliou os estoques internos e reduziu a competitividade da indústria nacional. Para manter a atividade viável, o ideal seria que a saca fosse vendida a pelo menos R\$ 80 ou R\$ 85, segundo o presidente da Coopersulca, Arlindo Manenti.

Tentativas de contenção

Em agosto, a Conab realizou leilões de Contrato de Opção de Venda (COV) para formar estoque regulador, mas os resultados não foram suficientes para equilibrar o setor. Rampinelli defende que o governo federal deveria adquirir ao menos um milhão de toneladas de arroz para trazer alívio imediato ao mercado. Já Manenti aponta como saída a adoção de políticas de exportação mais favoráveis e a retomada da taxação do grão importado.

Consumo em queda

Além da crise de preços, o consumo interno do arroz também recua. Dados da Conab mostram que, na safra 2018/19, o Brasil consumia cerca de 10,8 milhões de toneladas. Em 2023/24, o volume caiu para 10,5 milhões de toneladas, redução de 2,8%. Já a produção de 2025 chegou a 12,3 milhões de toneladas, mais que suficiente para abastecer o mercado interno, mas que contribuiu para o excesso de oferta.

Como alternativa, a ABIARROZ, em parceria com sindicatos e indústrias, lançou a campanha “Arroz Combina”, que busca estimular o consumo interno e ajudar no escoamento da produção armazenada.

O que esperar

O cenário para os próximos meses é de apreensão. O SindArroz-SC estima que, se os preços permanecerem baixos, a produção da safra 2025/26 pode cair entre 5% e 8%, além de haver redução no uso de insumos como adubo e ureia, impactando diretamente na qualidade do grão.

“Ao produtor resta desânimo. Quem puder substituir a cultura do arroz por outra, certamente vai fazer”, afirmou Zanatta.

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