A 26ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Cocal do Sul foi marcada por fortes manifestações em defesa dos direitos das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mães e familiares compareceram com cartazes e apelos emocionados, cobrando explicações da prefeitura sobre a suspensão de atendimentos em uma clínica especializada no município.
O tema dominou os debates da noite e ofuscou os demais assuntos, inclusive a apresentação da secretária municipal de Saúde, Giovana Galato, que havia sido convidada pelo presidente da Casa, Gilson Clemes (PL), para apresentar o balanço dos seis primeiros meses de sua gestão.
A principal reivindicação da comunidade foi o fim abrupto do convênio com uma clínica privada que oferecia terapia ABA, amplamente reconhecida por sua eficácia no tratamento do autismo. Segundo os relatos, a prefeitura não garantiu uma alternativa equivalente, deixando as famílias sem suporte adequado.
O vereador Valdnei da Silva, o Chicão (PL), lamentou a situação e criticou a transferência dos atendimentos para a cidade vizinha, Criciúma. “Isso causou sofrimento às famílias. Se tínhamos um serviço qualificado aqui, por que suspenderam?”, questionou, sugerindo que o município crie um CNES próprio para o NICS.
Já a vereadora Glícia Pagnan (MDB) defendeu que os tratamentos sejam retomados imediatamente, mesmo que haja irregularidades a serem investigadas. “Não se interrompe tratamento de crianças autistas por questões burocráticas”, alertou.
Julio Fogaça (MDB) destacou o simbolismo do protesto das mães como reflexo de uma insatisfação social e anunciou R$ 300 mil em emendas para a saúde, reforçando a importância do cuidado contínuo e especializado.
O vereador Vicervânio Bez Fontana, o Toco (MDB), cobrou ação imediata. “Enquanto a auditoria corre, que se volte a atender essas crianças. A dor dessas famílias não pode esperar”, afirmou.
A vereadora Cirlene Gonçalves Scarpato, a Aninha (PSD), também se solidarizou com os pais e criticou qualquer uso político da pauta. “É preciso respeito e responsabilidade com essas famílias e com os recursos públicos”, disse.
Prefeitura afirma continuidade parcial
Representando a base do governo, a vereadora Maria Luiza Da Rolt (PP) afirmou que os casos novos estão sendo absorvidos pela rede municipal e pelo consórcio, enquanto os atendimentos já em andamento continuam. Ainda assim, o discurso não acalmou os ânimos no plenário.
Câmara promete intervir
O presidente Gilson Clemes (PL) garantiu que agendará uma reunião com o prefeito para tratar diretamente do caso e encontrar uma solução que atenda às famílias com urgência. “Essas crianças precisam ser prioridade. Vamos agir”, declarou.
A sessão ainda abordou outros temas, como a violência contra a mulher, infraestrutura e educação, mas o apelo das famílias de crianças autistas deu o tom da noite.