Nesta terça-feira (29), Laguna completa 349 anos de fundação, uma das cidades mais antigas e simbólicas do Brasil. Entre o mar e a lagoa, o município guarda em cada canto as marcas de uma trajetória que começou há cerca de seis mil anos, com os primeiros povos sambaquis, e atravessou séculos de disputas coloniais, revoluções e transformações urbanas.
Antes da chegada dos colonizadores, o território já era habitado por comunidades que deixaram como vestígios impressionantes sítios arqueológicos, formados por conchas, ossos e utensílios — alguns com até 35 metros de altura. São 43 desses sítios mapeados, formando um dos maiores acervos de sambaquis da América do Sul.
A fundação oficial de Laguna se deu em 29 de julho de 1676, quando o bandeirante Domingos de Brito Peixoto chegou à região e construiu uma capela em homenagem a Santo Antônio. A vila foi colonizada em duas grandes etapas: primeiro pelos açorianos, que impulsionaram a pesca e a agricultura a partir de 1748; depois, no século XIX, por imigrantes portugueses do continente, que fomentaram o comércio e o crescimento econômico.
Durante o século XIX, a cidade se tornou protagonista de momentos decisivos da história brasileira. Em 1839, foi tomada por revolucionários farroupilhas que, com apoio do italiano Giuseppe Garibaldi, proclamaram a República Catarinense, ou República Juliana, transformando temporariamente a pacata vila em uma capital revolucionária. Foi em Laguna que Anita Garibaldi conheceu Giuseppe e iniciou sua trajetória como heroína da liberdade em duas continentes.
No auge de sua importância econômica, o porto de Laguna foi o quarto mais movimentado do estado. A cidade também se destacou como centro cultural e intelectual, abrigando teatros, jornais, clubes e instituições pioneiras. Muitos desses registros estão vivos ainda hoje nas construções do Centro Histórico, com casarões ecléticos, fachadas ornamentadas e ruas que preservam nomes de personagens marcantes da sua história.
Com praias, tradições religiosas, festas populares e um patrimônio arquitetônico tombado pelo Iphan, Laguna permanece como um elo entre passado e presente. Cidade-memória, onde o tempo não apaga os rastros de seus povos, revoluções e sonhos à beira-mar.
Comemorações do aniversário
Dentro da programação da 43ª Semana Cultural, em celebração aos 349 anos de Laguna, a noite desta terça-feira reserva um espetáculo especial no Cine Teatro Mussi: a Camerata Florianópolis apresenta “Tributo à Música Popular Brasileira”, show que homenageia os grandes nomes da MPB com arranjos orquestrais. A entrada é gratuita.
A agenda segue no sábado (2), também no Teatro Mussi, com a apresentação da banda Ave de Rapina, ícone local com seu estilo que mistura rock, blues e jazz. Reconhecida em todo o sul do Brasil, a banda traz ao palco um repertório que une tradição e identidade lagunense.
Laguna chega a esta data simbólica atravessando um momento de reconstrução, segundo o prefeito Preto Crippa. “Assumimos uma cidade cheia de desafios e, com planejamento, parcerias e responsabilidade, temos avançado em diversas áreas. Estamos recuperando ruas, reformando escolas, valorizando a cultura e preparando o município para receber melhor os moradores e visitantes”, declarou.
Segundo o prefeito, o aniversário de Laguna é também um marco para reafirmar compromissos. “Ainda há muito a ser feito, mas o mais importante é que Laguna voltou a ter esperança e a confiar. Que neste aniversário possamos renovar nosso compromisso de fazer da cidade um lugar melhor para se viver e se orgulhar”, completou.
A Semana Cultural é reflexo desse movimento de valorização da história e da arte. Mais do que comemorar datas, a cidade celebra o orgulho de seu passado e a vontade de seguir adiante com dignidade e identidade.








